Nossa aventura começou na madrugada do domingo dia 28.08.11 quando Valdinei Batista passou na minha casa às 3:15h da manhã. Logo em Seguida passamos na casa do Almir Alicate para pega-lo também. Fomos em rumo a Visconde de Mauá onde o quarto integrante da equipe, Betoca 5.15 já estava no cume da Pedra Selada local que ficou acampado do sábado para o domingo.
Iniciamos a caminhada pela trilha normal da Pedra Selada às 4:50h da manhã com o auxílio das head lamps. Subimos bem tranqüilos e fizemos a trilha em 1 hora e 20 minutos. Chegamos ao cume menor onde o Beto estava acampado com um café quentinho nos esperando. Rapidamente o Betoca desarmou acampamento e fomos fazer o rapel de acesso à base da via.
Este rapel se inicia em baixo da chaminé que se forma na junção da sela e o pico maior da Pedra Selada numa parada dupla de grampos marrons. Iniciei o rapel com duas cordas e cheguei na segunda parada com 55 metros. O resto da galera desceu também e fiz o segundo rapel e para minha surpresa a corda não deu no próximo grampo que ficou faltando uns 5 metros para chegar. Acabei entrando para a canaleta com mato e fiz um rapel de uns 10 metros por uma árvore com um pedaço de corda que levamos. Foi relativamente tranqüila essa manobra.
Chegando à base demos uma olhada em tudo por uns 15 minutos e logo já começamos a escalar às 8:50h. Combinamos eu e o Almir de subir a via o mais rápido possível para não atrasar a segunda dupla que vinha atrás de nós. E assim foi feito. Iniciei a primeira enfiada e já de cara tinha o primeiro lance para sair do chão que os conquistadores não tinham feito ainda. Mas foi tranqüilo, o lance deve ser um 7a. A primeira enfiada é linda e bem protegida que segue por uma fissura e boas agarras para os pés. Fiz a primeira enfiada bem rápido e o Almir do mesmo jeito veio também.
No primeiro ponto de parada ficamos olhando a segunda enfiada que é o filé da via que segue por um diedro que se escala em tesoura e as vezes em chaminé graduada em VIsup. Realmente um luxo! Era a vez de o Almir guiar, no entanto ele ficou com os olhos meio arregalados dizendo que não estava vendo as proteções. Passei as costuras pra ele e já foi subindo. Bem ligeiro ele chegou na segunda parada e me chamou. Nessa hora o Beto já estava trazendo o Valdinei para a primeira parada.
Assim que cheguei na segunda parada já peguei algumas costuras com Almir e logo subi. A terceira enfiada segue por um fissura sega que é uma espécie de chaminé aberta graduada em 8b. Os posicionamentos são bem estranhos e já quase no final caí e nem perdi tempo. Já puxei nas costuras e cheguei na quarta parada. O Almir veio engolindo essa enfiada catando nas costuras em pouco tempo terminou. Quando olho para baixo vejo o Valdinei chegando com uma carinha de feliz de ter mandado na cadena a segunda enfiada que é um delírio...
A quarta enfiada é o crux da via. São aproximadamente 40 metros de pura croquinha estilo parede dos buracos na Boca do Rego. Era a vez do Almir guiar e ele sem esitar já pegou as costuras e o clip stick comigo e saiu tocando pra cima. Subiu umas 6 costuras sem o auxilio do clip stick, mas chegou num ponto onde já não era possível “roubar”. Sem perder tempo já sacou o “Adam Ondra” e terminou de clipar tudo e chegou na base. Nessa enfiada das croquinhas eu vim agarrando em todas as costuras. Fiz um trepa-trepa de costuras no estilo speed climbing. Atrás de mim ficou o Beto tentando isolar a enfiada anterior que é um 8b aproximadamente. Nessa hora nos distanciamos um pouco deles.
A curta quinta enfiada segue por uma fenda em diagonal para a esquerda que é bem fácil e bonita. Cheguei na parada e em 5 minutos o Almir já passou por mim e guiou a sexta e última cordada que é uma das mais belas por sinal. Essa última segue por uma canaleta que se escala em tesoura. Realmente muito linda. Com exatos 55 metros o Almir chegou no cume e me chamou. Chegamos no cume do Pico Maior da Pedra Selada as 11:50h e cravamos o tempo de 3 horas.
Comemoramos nossa escalada tomando um isotônico e comendo umas barrinhas de cereal enquanto aguardávamos a segunda dupla, Beto e Valdinei. Passaram-se 1 hora e meia e nada deles. Decidimos procurar uma sombra pra tirar uma soneca.
Depois de mais um tempo esperando fomos procurar os grampos para o rapel que é feito pelo outro lado. Para descer do cume maior é necessário fazer um rapel de uma chapa com malha de 30 metros até um grampo na sela e depois mais um de 60 até o chão. Montamos o primeiro rapel e voltamos para o cume para esperar os outros dois.
Às 15:00h chegam Beto e Valdinei no cume com carinha de moídos e felizes da vida! A diferença de tempo foi o fato de a segunda dupla tentar fazer todos os lances em livre, principalmente a quarta enfiada que pode ser um nono grau.
Agradecimentos especiais ao Roberto Sinistrão, Ricardo Câmara e Abreu pela trabalhosa conquista da via Três Patetas que foram lá 8 vezes carregando muito peso e abrindo uma selva de arranha-gatos no peito. Ao Felipe Barbosa que é o campeão Mundial de Rapel de Cabeça para Baixo pela “conquista” do rapel radical que dá acesso à base da via.
Boas escaladas,
Juliano Magalhães
RECOMENDAÇÕES PARA QUEM QUISER REPETIR A VIA:
- Leve duas cordas de 60 metros ou vá com 4 pessoas, pois o rapel é de 60 metros.
- Leve 16 costuras, a via é bem protegida.
- Leve clip stick, ele é obrigatório. Caso contrário você estará numa roubada.
- Leve pouco peso. Desça já equipado com somente água e algumas barrinhas de cereal. - Deixe o material na base do primeiro rapel. Você chegará no mesmo lugar quando descer do cume.
- Comece a escalar cedo. De manhã não bate sol nas três primeiras enfiadas.
GRAUS E TAMANHOS DAS CORDADAS:
1ª – VIsup – 40 metros
2ª – VIsup – 40 metros
3ª – 8b – 30 metros
4ª – 9?/A0 – 40 metros
5ª – IV – 15 metros
6ª – VI – 55 metros
Tamanho total: 220 metros
CROQUI DOS RAPÉIS E DA VIA