quarta-feira, 22 de junho de 2011

Entrevista com Daniel Coçada!!!













A galera da 4Climb fez uma entrevista com o Daniel Coçada um dos melhores escaladores do Brasil.

“Coçada é apelido, de vez em quando ainda encontro algumas pessoas que pensavam que Coçada era meu sobrenome”.


Qual o seu nome e sua idade?

Daniel Hans; 29 anos.


Há quanto tempo você escala? E como começou a escalar?

Escalo há 13 anos.

Comecei a escalar após fazer um curso de escalada na antiga Escola de Escalada Cabeça Verde (hoje não existe mais), na época tinha 16 anos de idade e nos meus primeiros anos de escalada ia para Urca quase todos os dias. Saia da escola pegava os equipos, a bicicleta e passava o resto da tarde na Urca. Lembro-me que tinha dias durante a semana que ficava o dia todo sozinho, fazia vários boulders sem crash-pad e finalizava com um aeróbico no Costão do Pão de Açúcar.


Qual modalidade da escalada que você mais gosta e prática?

Gosto mais de escalada esportiva (falésia e boulders), mas estou sempre fazendo umas escaladas tradicionais e caminhadas.


Você teve épocas de grande destaque na escalada nacional, e nos últimos anos você deu uma sumida na escalada ou reduziu o ritmo, o que você estava arrumando?

Nos últimos três anos desde que me mudei para Volta Redonda (interior do estado do Rio de Janeiro) passei por alguns ciclos, onde escalava durante alguns meses e ficava parado outros meses. Diferente do Rio de Janeiro os points de escalada na Região ficam em média 60 km de distancia, dificultando o acesso, portanto tem que estar focado e disposto para dirigir para chegar até as falésias. Mas nos últimos 12 meses estou mais focado nos treinos e na escalada e venho recuperando o bom condicionamento físico.


Volta Redonda esta próxima de Passa Vinte, que promete ser um dos principais points de escalada no Brasil, este fato foi importante para a sua escolha na mudança?

Minha mudança foi devido ao trabalho. Por sorte Passa Vinte esta a 60 km de Volta Redonda, relativamente perto pelos parâmetros de distancia da Região, mas considerando que quando morava do Rio dava para ir para Barrinha de bicicleta, 60Km e bem longe, mas enfim vale a pena.

Como tem sido a sua colaboração na evolução do pico de Passa Vinte? Você tem participado das conquistas das vias?

Não sou muito fã de abrir vias, já bati alguns grampos, mas conquistar uma via inteira vindo de baixo nunca fiz. Em Passa Vinte fico na base das vias visualizando as linhas maneiras e botando pilha no Candido, Mury e Juliano principais conquistadores da Gruta para abrir as vias. Minha participação se restringe a botar pilha (muito pilha! o pessoal sabe), dar segurança, limpar as vias e é claro tentar encadena-las.


Qual a principal característica da escalada em Passa Vinte? De 0 a 10 qual a nota que você dá?

A Gruta de Passa Vinte é um local alucinante, é uma caverna com angulação media de 45 a 55 graus com vários buracos. As vias são bem atléticas, vários botes, vários lances de calcanhar, entalamento de joelho e movimentos longos. O bom é que a maioria das vias não come a pele dos dedos, mas é preciso chegar forte porque as vias são bem exigentes fisicamente, tanto para os braços como para as pernas, devido aos lances de calcanhar tem via que se chega ao final com a perna mais bombada que o antebraço.

Vai a dica das vias mais maneiras na minha opinião:

- Tapa na Cara: 8b;

- The Glands: 9a;

- Entre a Sombra e Escuridão: 9b;

- Toca do Sadú: 9b;

- Triplo X: 9b;

- Quartzolit: 9c/10a;

- Sinairo: 10c;

- Gênesis 10c.

Essas vias já valem uma boa viagem.

Em relação à nota, hoje eu daria 8 pois ainda tem poucas vias pelo potencial do lugar, dá para chegar a nota 10 quando tiver pelo menos metade das linhas equipadas.


Qual a via que te chamou mais atenção no pico de Passa Vinte?

A Gênesis.

É uma via bem negativa e atlética possue uns 25 metros de extensão, sendo que seu crux são dois botes na seqüência, nos dois botes perde-se os dois pés e o segundo é um bote com as duas mãos.

A tensão “pré-cadena” esta presente na grande maioria dos escaladores, o que passa na sua cabeça e no seu corpo no minuto anterior que você vai tentar a cadena de um projeto importante para você como Genesis ou Sinairo?

Não sofro muito com essa tensão “pré-cadena”, nunca fiquei muito encanado e nem na cobrança para as cadenas, simplesmente penso que a via sempre estará lá e se não mandar naquela entrada poderei mandar em outras entradas ou em outro dia. Também acho que essa tensão “pré-cadena” se acentua quando se fica muito tempo trabalhando uma via, a cadena não sai e a pressão aumenta. Como não gosto de ficar malhando por muito tempo uma via, quando sinto que a cadena de uma via irá demorar, prefiro fazer outras vias mais fáceis, treinar mais, ficar mais forte para então voltar e mandar a via mais rápido, assim esta tensão acaba diminuindo bastante.


Você fez alguma preparação para a Genesis?

Nunca fiz nenhum treinamento especifico para encadenar uma via, normalmente mantenho os treinos fortes em muro durante a semana e aos finais de semana vou para rocha e a Gênesis acabou seguindo esta receita. Antes de mandar a Gênesis estava vindo de uma fase boa de evolução nos treinos e após a primeira ascensão do Felipinho da Sinairo 10c deu aquela motivação de voltar a entrar nela, assim mandei a Sinairo e no mesmo dia já estava entrando da Gênesis. Acho que a Gênesis ficou até uma pouco mais difícil que a Sinairo.


Quais são os seus projetos para a escalada em 2011?

Este ano quero manter o ritmo forte nos treinos para voltar aos circuitos dos campeonatos e em rocha continuar ajudando no desenvolvimento de Passa Vinte.


Você esta entre um dos escaladores mais disciplinados na parte de treino para escalada no Brasil. Atualmente você faz algum tipo de treino? Como você concilia trabalho, os treinos e a escalada em rocha?

De segunda a quinta eu malho no muro, sendo que alguns dias faço finger pela manha e vou para o muro a noite e finais de semana: rocha. Atualmente, diferente dos anos anteriores onde malhava muita resistência, tenho focado mais no treinamento de força e com peso. A fase que mais evolui na escalada foi quando estava na faculdade, estudava pela manha e passava o resto do dia treinando em média quatro horas por dia. Hoje em dia os treinos passaram para o turno da noite, devido aos horários mais restritos e o cansaço do dia inteiro trabalhando tive que adaptar tornar o treinamento mais eficiente, tentar não perder muito no volume fazendo series intervaladas mais rígidas e aumentar a intensidade.

Fonte: http://4climb.com.br/blog/2011/06/21/entrevista-com-daniel-cocada/

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