Escalada Cor de Rosa

por Nathalie Sterblitch e/ou Araujo :-)

Aproveitando o ensejo do Dia Internacional das Mulheres, comemorado ontem (8/mar), me deu uma coceirinha e resolvi vir até aqui para estrear no blog RTR e fazer uma homenagem a nós mesmas :-)

Ser mulher e escalar não são coisas que coexistem facilmente. Desnecessário dizer que, a começar por nossas características físicas, ficamos em leve desvantagem em relação aos homens. Aí vocês falam: “- Ah, mas o mundo tem tantas mulheres feras na escalada!”. De fato, não discordo. Porém, olhando bem de pertinho, o nosso esporte não favorece as mulheres logo de cara.
Mulher que quer escalar (e não estou puxando a brasa pra minha sardinha) tem que ser guerreira. Tem que ter disposição pra subir morro, pra descer morro, pra conviver com cansaço e condições climáticas muitas vezes nada confortáveis. Unha feita e pintadinha, cabelo escovado, maquiagem e pele impecável são coisas que devem ser abandonadas na base da pedra (afinal, pedra e vaidade também não coexistem). Vaidade feminina, quando se trata de escalada, provavelmente só rola de segunda a sexta-feira – isso se final de semana for o tempo que a moça tem pra brindar as pedras. Não estou dizendo que a mulher se transforma num monstrinho (!!), mas também não dá pra ficar dando xilique a cada lascadinha da unha ou porque o suor está estragando a chapinha da noite anterior.
Exceto por essas pequenas privações, ser mulher e ter a escalada como esporte são grandes prazeres. Evoluir não é a coisa mais fácil do mundo mas dedicação, pra nós, é tão ou mais importante do que pra vocês, homens, já que não temos tanta força física e perdemos também em outros quesitos. Imaginem escalar com TPM ou naqueles dias, morrendo de cólicas? (Não, meninos..vocês não podem imaginar! rs) Ou o que seria deixar um filho em casa pra ir pra pedra? Ou até mesmo quando nossos hormônios resolvem fazer motim e nos deixar mau-humoradas ou carentinhas? Parece baboseira e desculpinha pra ficarmos dengosas, querendo atenção, mas acreditem: não é! PORÉM (e faço questão de colocar isso em letras maiúsculas), ISSO NÃO É DESCULPA PARA RECUSARMOS UMA ESCALADA! :-)
Preocupação com alimentação, qualidade de vida e cuidados pessoais também não ficam de fora. Conhecer um pouquinho mais do universo masculino ajuda a desmistificar um certo bicho-papão que separa tanto esses dois mundos – tenho certeza que pra vocês também é bacana ter parceiras na pedra.

Ser escaladora não é fácil mas é apaixonante e é bom! Temos, ao redor do mundo, tantos exemplos de mulheres guerreirássas (Lynn Hill não me deixa mentir) que são motivo de orgulho e ‘baba’ pra quem assiste suas performances.

Fica então aqui um grande beijo a todas (poucas) escaladoras aqui da região – isso engloba as que vão à pedra com freqüência e aquelas que foram poucas vezes mas que se deram o gostinho de entrar em contato com o povo mais antigo do nosso planeta. Aproveito ainda para deixar uma lembrança do nome de Roberta Nunes, uma grande escaladora brasileira, que fez nome na gringa, e que nos deixou em 2006 após um acidente de carro nos EUA.